Como criar network e conseguir interagir com sua rede?

Sempre que vou a algum evento, fico observando a atitude dos presentes, fazendo um “estudo social” do comportamento das pessoas. É muito comum ouvir colegas dizendo que não conseguem expandir suas redes de contato e atrair novos clientes. Mas você se esforça para conseguir isso? Você se abre para o novo ou espera que as pessoas descubram por um passe de mágica a sua existência? Se você espera que a magia aconteça, é melhor ir para a Disney, porque no mundo real a coisa funciona de outra maneira.

Tanto funciona de outra maneira que, na década de 1970, o pesquisador Mark Granovetter resolveu estudar a qualidade dos laços que conectavam as pessoas numa rede. O pesquisador analisou a forma como as informações eram difundidas na sociedade e, para isso, focou nas relações interpessoais (laços) para verificar a força delas na propagação de mensagens. “O autor defende que os laços fracos desempenham papel importante na disseminação de ideias e recursos, e os laços fortes atuam como pontos de confiança; embora resultem em informação redundante. Desta forma, o argumento central é que os contatos mantidos por meio de laços fracos são mais propensos a serem pontes para ligações de redes socialmente distantes, fornecendo acesso a informações e recursos novos” (1).

De maneira geral, pode-se dizer que os laços fortes são aqueles formados com as pessoas com quem temos mais contato, mais intimidade, mais proximidade – familiares, amigos próximos, por exemplo. Enquanto os laços fracos podem ser entendidos como aquelas pessoas que chamamos de “meros conhecidos” ou “amigo do amigo”. Os laços fortes são muito importantes como redes de suporte e apoio no decorrer da vida, no entanto, para fazer novas informações circularem, eles não são os melhores, pois há uma tendência de que as pessoas participantes dessa rede recebam as mesmas informações. 

Ou seja, os laços fracos são importantes pois dinamizam as redes sociais, as trocas de contatos e dados, são eles que fazem as novidades circularem. E a explicação para isso é simples: é comum que o indivíduo tenha mais pessoas enquadradas em seus laços fracos que nos laços fortes e uma boa consequência disso é que os laços fracos fazem ligações entre atores socialmente diferentes, possibilitando um crescimento do network profissional. Por isso é tão importante abrir-se para o novo, dar chance a novas oportunidades, frequentar lugares, eventos e reuniões diferentes daqueles que usualmente escolhemos; uma forma de fazer isso é participar de eventos de networking, happy hours, encontros de negócios e feiras.

E quando chegar nestes locais, lembrar-se do estudo de Granovetter e buscar expandir seus laços fracos. Para isso, aqui vão algumas dicas para facilitar sua formação de Network:

  1. Antes de tudo: crie as oportunidades, não espere que elas surjam. Se você quer aumentar sua rede de relacionamentos, movimente-se para isso! Vá a encontros, happy hours de negócios, fóruns, feiras. E mais, em um evento, evite sentar-se sozinha/o ou procurar lugares isolados para ficar, se você não se predispuser a se enturmar, as pessoas não vão fazer isso por você, portanto, mexa-se, se houver intervalo no evento (coffee break) ao retornar sente em um lugar diferente para possibilitar novos contatos;  
  2. “Desgrude” da pessoa que foi com você como companhia; não foque sua atenção apenas nessa pessoa, abra espaço para outros presentes se aproximarem e participarem da conversa;
  3. Cumprimente as pessoas que passarem por você no evento. Se for uma mesa compartilhada, dê bom dia a todos que ali se encontram antes de sentar;
  4. Abra-se para as pessoas. Descruze os braços, dê um sorriso, mostre-se acessível e simpática/o, não afaste as pessoas com aquela típica cara de segunda-feira de manhã. Lembre-se, também, de dar mais atenção às pessoas presentes que aquelas que se encontram conversando com você pelo celular, deixe o aparelho de lado um pouco;
  5. Você é tímida/o? Ensaie algumas frases ou perguntas básicas antes de ir a um evento ou começar uma conversa, tenha em mente quais tipos de pessoa você quer conhecer, isso diminuiu a ansiedade de ter que conversar com diversas pessoas aleatórias. Se possível, peça que alguém lhe apresente ao contato desejado e mais, havendo possibilidade, faça um contato on-line antes, isso possibilita um início de conversa com menos pressão; 
  6. Apresente-se corretamente. Fale seu nome e sobrenome claramente para que as pessoas possam identificar você. Esteja sempre preparada/o para se apresentar em público, monte seu picth de vendas pessoal, seja objetiva/o e use um discurso fluido, não use palavras rebuscadas demais, pode soar pedante e fazer você se perder na sua fala e, jamais, em hipótese alguma, diga que teve pouco tempo para se apresentar ou organizar os pensamentos, pois você deve estar sempre preparada/o para falar de você e do seu produto (é o famoso pitch de elevador ou elevator speech); 
  7. Quando estiver falando, mostre confiança ao se apresentar – lembrando de ter cuidado para não parecer pedante, como dito – e, principalmente, seja assertiva/o. Pessoas que falam demais tendem a perder o foco e não conseguir transmitir a mensagem desejada, além de fazer com que a fala fique chata e cansativa. Lembre-se também: você está fazendo networking, falar de você é importante, mas ouvir também o é, logo, ao usar da objetividade, você permite que o interlocutor fale também, pois disponibiliza tempo para isso;
  8. Leve sempre com você o seu cartão de visitas. Aqui, faço uma ressalva: no mundo de redes sociais, cartão de visitas pode vir a ser desnecessário e até prejudicial, principalmente se você não pega de volta o contato da pessoa, pois correrá o risco de ficar esperando um retorno e aquela pessoa poderá, simplesmente, perder seu cartão ou, até mesmo, olhar para ele depois e não se lembrar de quem se trata. Por isso, se a pessoa não tiver cartão de visitas, pegue o contato dela e faça questão que ela registre o seu. Ainda sobre o cartão de visitas, uma boa dica para se recordar das pessoas com quem conversou, é anotar no próprio cartão recebido uma referência com relação àquela pessoa ou o assunto tratado. Usar o celular para fazer isso também é uma ótima opção;
  9. Não panflete seu cartão de visitas! Isso mesmo, não distribua seu cartão de visitas como se fosse um panfleto. É melhor fazer poucos, mas bons contatos, que entregar diversos cartões sem conteúdo ou reciprocidade. Foque na qualidade dos contatos e não em quantidade; 
  10. Entre em contato no primeiro dia útil posterior ao evento para agradecer a pessoa por ter se conectado com você e para que ela registre, não só no telefone, mas, em sua memória, quem é você;
  11. Dê retorno aos contatos, não deixe as pessoas que lhe enviaram mensagens ou ligaram esperando dois ou três dias por uma resposta. Isso soa grosseiro e transmite a impressão de que você e seu tempo são mais preciosos que o dos outros;
  12. Abra seu LinkedIn quando estiver em eventos, seminários, encontros, conecte-se às pessoas que estão no mesmo local que você. É simples, abra o LinkedIn no seu celular, entre em redes, clique no botão azul à direita no canto inferior da tela, acione a opção “na sua área”. As pessoas que estivem na mesma página e região que você, serão automaticamente localizadas, facilitando a conexão;
  13. É importante lembrar que não adianta ter muitos contatos se você não é lembrada/o quando surge uma oportunidade. Uma boa rede de contatos é aquela na qual você consegue desenvolver negócios e receber oportunidades. Para isso, o bom network se baseia em uma via de mão dupla, em que todos ganham e se doam também, ou seja, um é o network é pautado na base da troca de informações, experiências e conhecimentos;
  14. Por fim, saia deste grupo que não te pertence!! Grupo de pessoas negativas, que desacreditam seu trabalho e seu potencial, que apenas reclamam, pessoas grosseiras, debochadas. Afinal, somos a média das cinco pessoas com quem mais convivemos, por isso, busque para perto de você pessoas do bem, otimistas, empreendedoras, com garra, atitude e bons contatos!

(1) A força dos laços sociais: definição e proposta de uma escala de mensuração. SILVA, Marianny Jessica de Brito; SILVA, Rennaly Alves da; SOUZA, Natalia Mary Oliveira de, MELO, Francisco Vicente Sales; ANDRADE Jackeline Amantino de, In Revista Eletrônica de Estratégia & Negócios, Florianópolis, v.10, n. 3, set./dez. 2017.

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