Você tem um discurso assertivo?

Qual sensação a palavra ‘não’ transfere a você? Negatividade? Como você se sente diante desta palavra? O ‘não’ é agressivo para você? Você consegue dizer não com tranquilidade e sem se sentir culpada/o ou só consegue dizer não quando está com raiva?

Normalmente, tem-se como costume entender que dizer não aos outros é uma atitude egoísta e mal-educada, contudo, o não bem colocado é uma ferramenta de tranquilidade para quem o diz e uma determinação de limite e respeito para quem o ouve (1). Pessoas que agem de forma madura, que buscam elevar seu nível de autoconhecimento e são honestas consigo próprias (agem de acordo com o que pensam e falam), conseguem canalizar melhor suas emoções a fim de atingir resultados positivos e produtivos. Ou seja, fazem uso do bom senso para ter equilíbrio em suas relações interpessoais e conseguem ser assertivas.

Podemos dizer que assertividade é a habilidade de defender seus próprios direitos ou de outros de forma calma e positiva, sem agredir ou ceder passivamente. Indivíduos assertivos são capazes de comunicar e garantir o respeito dos seus limites pessoais, também são capazes de falar o que pensam sem aborrecer aos outros e a si mesmos, além de conseguirem expressar pensamentos, sentimentos e crenças de forma direta, honesta e apropriada. Assertividade é, portanto, a habilidade de se posicionar de maneira clara e afirmativa, considerando os interesses/direitos próprios e os dos outros.

Vera Martins em sua obra “Seja Assertivo!” nos explica que: Há indivíduos que têm problemas na hora de comunicar-se, não sabem dizer não e possuem uma atividade passiva. De maneira oposta, outros adotam uma postura mais agressiva ao relacionar-se e criam conflitos frequentes em suas relações pessoais. A atitude assertiva é aquela que expressa meio termo entre as duas partes envolvidas. “A virtude se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um por excesso, outro por falta”. (Aristóteles, Retórica das paixões). Para Aristóteles, o meio-termo, é o critério de inclusão de si e do outro. Sendo assim, podemos concluir que a postura assertiva é uma virtude, pois se mantém no justo meio-termo entre dois extremos inadequados, um por excesso (agressão), outro por falta (submissão) (2). 

Os comportamentos que estão em cada um dos extremos da assertividade são a agressividade e a passividade. 

A comunicação agressiva estimula os interlocutores a responderem também de forma não assertiva, seja pela agressividade/defesa ou pela passividade/submissão; o sujeito que usa

esse tipo de linguagem, apressa o outro sem necessidade durante o diálogo, não pensa duas vezes para falar, tem necessidade de dominar e de impor sua opinião. A postura agressiva é caracterizada por atitudes como nunca ceder e tendência à anular o outro, dar prioridade a seus próprios interesses/direitos e raramente mostrar reconhecimento ou apreciação pelos outros.

Por outro lado, o comportamento baseado na passividade busca não desagradar o interlocutor e fugir de conflitos. Tende a não saber se impor e, com isso, a ceder facilmente e anular-se, dando prioridade aos interesses/direitos dos outros. Frequentemente deixa que se aproveitem da sua “boa vontade” por não conseguir dizer ‘não’; pede desculpas excessivamente e costuma usar as frases como “Não quero incomodar/Não vou tomar seu tempo”, além de ficar “rodeando” para falar, pois não consegue ser direto em seu discurso.

Na coluna do meio encontra-se a assertividade. Ela é uma característica comportamental, baseada no equilíbrio e bom senso. Trata-se de uma postura pacífica na qual a pessoa consegue se posicionar e falar com transparência, tranquilidade e elegância, indo direto ao ponto sem ser rude ou parecer áspero. As pessoas assertivas sabem negociar e ouvir críticas sem sentirem-se ofendidas e sem partir para o ataque pessoal.

E é possível desenvolver a assertividade ou esta é uma capacidade inata? Sim, é possível desenvolvê-la e aqui vão algumas dicas:

  • Exercite a escuta ativa: preste atenção ao que o outro diz, procure não fazer outras coisas ao mesmo tempo e nem pensar em outras coisas durante a conversa;
  • Seja sincera/o sobre seus limites e necessidades;
  • Não invente desculpas ou fale de maneira confusa para evitar conflitos; 
  • Não espere que alguém reconheça ou adivinhe o que você precisa: Fale!; 
  • Não tenha medo de se defender e enfrentar pessoas que o desafiem;
  • Adeque a linguagem e a forma pela qual se comunica de acordo com cada pessoa. Não seja pedante;
  • Evite o tom de voz alterado;
  • Seja empática/o e não sarcástica/o. A pessoa sarcástica é azeda e irônica;
  • Não fique com raiva ou magoada/o quando receber um feedback;
  • Faça críticas de forma construtiva e sensível;
  • Elogie em público, corrija em particular;
  • Não seja a boa/m moça/o o tempo todo: saiba dizer NÃO.

Por fim, observe sua linguagem corporal, ela também influencia na assertividade e pode provocar reações indesejadas no ouvinte se ela não for condizente com o que está sendo dito verbalmente, por isso, evite ficar de braços cruzados durante a conversa; mãos e braços devem apresentar movimentos abertos e espontâneos com as palmas das mãos espalmadas em direção ao ouvinte, olhe para o/a interlocutor/a enquanto ele/a fala, isso gera sensação de receptividade e faz com que ele/a se sinta confortável. Por último, evite colocar as mãos nos quadris e estufar o peito enquanto fala e, principalmente, enquanto ouve. Esse gesto é muito usado por crianças quando discutem com os pais e, normalmente, é interpretado como desafiador, pois é universalmente usado para comunicar que o indivíduo está “pronto pra briga”. Essa postura fica bastante reforçada nos homens quando o paletó está aberto e puxado para trás, expondo a frente do corpo, e os pés afastados. Ademais, os cotovelos salientes têm aspecto ameaçador e fazem a pessoa ocupar mais espaço, evitando a aproximação de outras pessoas (3).

Então, o que achou destas dicas, fizeram sentido para você? Gostaria de saber mais a respeito desse assunto? É só me seguir nas redes sociais ou entrar em contato comigo.

(1) Quando alguém diz muito ‘sim’ para os outros, pode estar dizendo muito ‘não’ para si próprio. (Vera Martins)
(2) MARTINS, Vera. Seja Assertivo! Como Conseguir Mais Autoconfiança e Firmeza na Sua Vida Profissional e Pessoal. Editora: Alta Books; 1ª Edição, 2016. Pp 12-13.
(3) PEASE, Allan; PEASE, Barbara. Desvendando os segredos da linguagem corporal, Editora Sextante, 1ª Edição, 2005.

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